foto : Alegri / Wikimedia
Há casos de turmas sem um dos professores desde o primeiro período, adiantam ao Jornal de Notícias o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamento e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Mota, e o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira.
Os diretores têm cada vez mais dificuldade em substituir professores de baixa. Segundo o diário, Inglês, Matemática, História, Geografia ou Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são os grupos de recrutamento com reservas “vazias ou quase vazias”.
O Ministério da Educação assume o problema, afirmando que há de facto muitas dificuldades na substituição de docentes, e sublinha que, por esse motivo, tem autorizado horas extraordinárias para fazer face a essa situação.
Atualmente, duas turmas do 12.º ano estão sem professor de Matemática. O horário não foi preenchido nem nas reservas de recrutamento nacionais, nem na contratação da escola. O diretor adianta que, a partir do terceiro período, vai mudar um professor que dá aulas a uma turma de 10.º e 8.º para que os alunos do 12.º ano, que têm exame, possam recuperar a matéria. Se isso acontecer, os outros estudantes devem ficar sem aulas.
Filinto Mota afirma que a falta de professores foi umas das principais preocupações colocadas em cima da mesa pelos diretores nas reuniões que a ANDAEP promoveu com diretores de Lisboa, Algarve e Alentejo. Por sua vez, no Norte e Centro do país, há maior concentração de docentes e o problema não se faz sentir.
No entanto, Mário Nogueira refere que é tudo uma questão de tempo: “Ainda não se sente, mas vai sentir“. O sindicalista aponta como causas o envelhecimento da classe, a delapidação da carreira e cursos superiores desertos.
O problema tem-se vindo a agravar de forma progressiva nos últimos dois anos “e vai atingir extrema gravidade daqui a quatro anos” com a saída de, pelo menos, 11 mil professores para a aposentação até 2023, remata.
No entanto, em Lisboa e no Algarve há agravantes – mesmo quando há candidatos, há cada vez mais docentes que recusam horários por causa do preço das casas nestas regiões.
“Há diretores que têm de ser agentes imobiliários e ter uma lista de casas” pronta para enviar aos colocados, descreve Filinto Lima. Segundo o Ministério da Educação, desde 7 de setembro até final de janeiro foram recusados 2530 horários.
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