foto: ALPHA ONE MEDIA / CHRISTOPHER REEVES
Com uma vantagem de 23 pontos, o australiano precisava somar apenas alguns pontos no Grande Prémio Motul de la Comunitat Valenciana para se sagrar campeão, o que fez com a décima posição. Depois de uma fantástica temporada consistente com 12 pódios, dos quais cinco são vitórias, o#87 conteve os nervos até ao final para se sagrar um Campeão do Mundo.
Filho do campeão do mundo de 500cc em 1987 Wayne Gardner, Remy Gardner começou cedo a andar de mota, pelo que recebeu a sua primeira moto aos quatro anos . A sua carreira começou com corridas em dirt track e long track, como fizeram grandes nomes antes, competindo em nível local e nacional na sua terra natal a Austrália.
Mudou depois para o asfalto pouco tempo depois, a sua primeira corrida internacional veio no final de 2010, graças a um convite da Honda Austrália para competir na corrida NSF100 Trophy Worldwide Mini Bike em Albacete na nossa vizinha Espanha. Mais tarde no mesmo ano, Gardner fez sua estreia numa corrida de rua em Phillip Island, vencendo a MRRDA Australian Nippers Championship.
O passo seguinte da sua carreira foi crucial, pois Gardner viajou para a Espanha para competir na classe pré-Moto3 ™ do Campeonato do Mediterrâneo em 2011. Ficou em segundo lugar da geral, o que antecedeu a mudança em tempo inteiro para a Espanha em 2012. O australiano considera Espanha como sua segunda casa desde aí.
Gardner entrou pela classe Moto3 ™ no CEV pela primeira vez em 2012, terminando a maioria das corridas e marcando pontos na sua temporada de estreia. Em 2013 melhorou, conseguindo o seu primeiro top 5 na prova de Albacete, em 2014 permaneceu no campeonato e deu mais um passo em frente na sua carreira, pontuando em todas as corridas e fez o seu primeiro pódio.
Gardner também fez a sua estreia em Grandes Prémios em 2014, correndo em Misano, Phillip Island e Sepang. A sua última corrida foi no Grande Prémio da Malásia, onde o australiano marcou seu primeiro ponto no Campeonato Mundo, terminando em 15º. A mudança definitiva para o Campeonato Mundial aconteceu no ano seguinte 2015, terminando em 30º da geral aos comandos de uma Mahindra – o destaque aconteceu no Grande Prémio caseiro em Phillip Island onde Remy conquistou o seu primeiro top dez.
Em 2016, Gardner mudou-se para uma máquina maior, enfrentando o Campeonato da Europa de Moto2 ™ com a Race Experience e, a partir do GP da Catalunha, entrou no Campeonato do Mundo de Moto2 ™ com a Tasca Racing. Impressionou desde logo com um top cinco na corrida 2 no MotorLand, e depois com a sua primeira vitória na corrida 2 em Barcelona.
O mesmo Circuito de Barcelona-Catalunha também foi o palco da sua estreia no Campeonato do Mundo de Moto2 ™, que viu Gardner regressar a casa na P15 e marcar um ponto pela primeira vez, para logo na semana seguinte obter a sua primeira vitória em Moto2 ™. Impressionante a sua adaptação, Gardner continuou no Campeonato do Mundo de Moto2 ™ até ao final de 2016, conquistando mais pontos em Sachsenring ao terminar em 12º lugar e um P13 em Sepang.
O seu desempenho rendeu-lhe um lugar na Tech3 Racing em 2017 e foi um piloto regular, conquistando o seu primeiro top ten no Campeonato do Mundo de Moto2 ™ com um nono lugar em Brno. 2018 viu o australiano somar mais pontos e melhorar as suas prestações mais uma vez, o seu progresso era claro apesar de um acidente em motocross antes do GP da Espanha, onde partiu as duas pernas. Depois de se recuperar da lesão, Gardner recomeçou onde parou, garantiu a primeira linha da grelha em Silverstone e depois terminou a temporada e a sua passagem pela Tech3 em grande estilo em Valência com o primeiro Top 5 em Moto2 ™.
Em 2019 e 2020 Gardner mudou-se para a equipe SAG. Em 2019, o #87 conquistou seu primeiro pódio em Grand Prix com o segundo lugar nas Termas de Rio Hondo, além de estabelecer a volta mais rápida, e o TT Circuit Assen viu o australiano conquistar sua primeira pole position. 2020 começou com um top cinco no Qatar, Gardner conseguiu a pole na Áustria e no GP da Styrian voltou ao pódio. No entanto, uma queda no Warm Up em Misano – onde deveria largar da pole – viu o australiano a enfrentar mais lesões devido a uma fractura na mão esquerda. Assim perdeu a corrida e também o GP da Emilia-Romagna, regressando na Catalunha, mas apenas na P16 depois de passar ultrapassar as dores. A partir daí, porém, a sua vontade começou a crescer e terminaria com o título de Moto2 ™ de 2021: segundo em Le Mans, dois primeiros em MotorLand, terceiro e sétimo em Valência. Tudo isto antes do final da temporada em que dominou a montanha-russa do Autódromo Internacional do Algarve, com a vitória a pole position e a volta mais rápida.
Em 2021, em alta juntou-se à Red Bull KTM Ajo e o resto é história, ou provavelmente será. O #87 começou a temporada com três pódios consecutivos no Qatar, Doha e Portimão, antes de um P4 e pole em Jerez. Le Mans foi mais um pódio, desta vez em P2, antes de Gardner vencer três consecutivas demonstrando uma forma incrível : Mugello, Catalunha e Alemanha, esta última a 200ª corrida de Moto2 ™, pelo que ficará na história com este número redondo. Outro pódio em Assen antes das férias de verão e uma vantagem na luta pelo título de 31 pontos.
O seu rival mais próximo, era no entanto, o seu companheiro de equipa Raul Fernandez e o sensacional Rookie continuaria a ser o principal adversário à medida que a temporada avançava. Gardner voltou das férias de verão no pódio em ambas as corridas no Red Bull Ring e Raul Fernandez conquistou outra duas vitórias, não deitando a toalha ao chão. O australiano respondeu com a vitória em Silverstone enquanto o seu companheiro de equipa caiu, mas também em Aragon e San Marino viram o #87 forçado a contentar-se com o segundo lugar, era a vez de Raul Fernandez começar uma grande recuperação e conseguir também uma série de três vitórias consecutivas – incluindo a do Circuito das Américas, onde Gardner cometeu seu primeiro grande erro da temporada e caiu.
Quando o paddock voltou a Misano para o GP da Emilia-Romagna, a diferença entre os dois era de apenas nove pontos … mas haveria outra reviravolta na história ao virar da esquina. Apesar da corrida ter se mostrado mais difícil para Gardner, Raul Fernandez perdeu a liderança – aumentando a vantagem de Gardner para 18 pontos a favor do australiano. Isto levou ao primeiro match point no Campeonato do Mundo de Moto2 ™ para o GP do Algarve, e apesar da queda dramática na sexta-feira que deixou Gardner lesionado para o domingo, o australiano lutou com todas as suas energias e conquistou uma vitória inesquecível sob intensa pressão do seu companheiro de equipa, ficando com 23 pontos de vantagem para a última prova da temporada.
Depois de uma bandeira vermelha e do reinício, Gardner manteve os nervos aço, partindo da P8, perdeu algumas posições e lutou fora dos dez primeiros. Raul Fernandez precisava vencer para manter suas hipóteses e foi o que o #25 fez, mas Gardner manteve a calma e evitou quaisquer riscos terminando na P10, três lugares acima do que precisava para fazer história , – conquistando título de Campeão do Mundo.
Wayne e Remy juntam-se a Kenny Roberts e Kenny Roberts Jr como pai e filho a sagrarem-se Campeões Mundo.