O alvoroço levantado pelas viagens a Paris oferecidas pela Galp a três secretários de Estado, para ver os jogos de Portugal no Europeu de Futebol, tem sido a indignação do momento.
De todos os quadrantes se pede a demissão dos ditos, o governo, pela voz de Augusto Santos Silva, diz que o caso está encerrado pois os visados irão devolver o valor das viagens. O caso poderá estar aparentemente encerrado, mas isso não altera o facto de três membros do Governo se aproveitarem da sua posição para aceitar “prendas”, neste caso com público conflito de interesses.
É normal existirem este tipo de convites das empresas, no caso patrocinadores da Seleção Nacional de Futebol, a clientes, para que estes assistam aos jogos. O que não é normal é que estes convites se dirijam a governantes com quem a dita empresa tem um conflito que envolve
100 milhões de euros de dívida ao Estado. Menos normal ainda é que esses governantes aceitem essas “prendas” com toda a naturalidade.
O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – Fernando Rocha Andrade tem em mãos um diferendo com a Galp que envolve dezenas de milhões de euros que a empresa se recusa a pagar ao Estado. Também João Vasconcelos, secretário de Estado da indústria, que tutela diretamente a atividade da Galp e se viu envolvido no pacote turístico e o secretário de Estado da internacionalização da economia, Jorge Costa Oliveira, a quem cabe o parecer decisivo de um projeto que a Galp apresentou junto da agência para o investimento estrangeiro, foi no dito passeio.
Esta questão não se prende somente com o possível conflito de interesses que se apregoa. Este tipo de oferenda é condenável seja em que contexto for.
Estes assuntos não são novos e são transversais a todos os governos, os favores têm sido uma constante do nosso sistema político, o que faz com que os detentores de cargos públicos estejam sempre sobre suspeição e isto não é bom, nem para os detentores de cargos políticos, nem para as instituições públicas. Principalmente porque nunca surgem consequências de maior, o despudor com que se tratam estes assuntos é vergonhoso.
António Costa deverá tomar uma atitude séria em relação a estes governantes que, independentemente de quererem agora pagar as ditas viagens, não estiveram à altura dos cargos que ocupam. É isto que se espera de um Dirigente, que fomente a integridade e a retidão, para que episódios como este não se voltem a repetir.
iPG