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Muito se tem dito nos últimos dias sobre Nelson Mandela, penso que palavra alguma fará justiça à sua memória, mas é este o meio encontrado de relembrar o Homem que partiu deixando um legado enorme na história do seu país e a meu ver, uma visão humanizadora da sociedade que marcará para sempre o mundo.

Apesar dos inúmeros textos escritos sobre este senhor devido a sua morte, não podia deixar de permitir que este fosse a inspiração da crónica desta semana. Numa época em que os papéis se trocam e se valorizam como heróis aqueles que tendo um talento, se deixam levar pela vaidade pessoal e não o utilizam em favor da lide pelo bem comum,  o mundo perde o Homem que deu de si pelo seus semelhantes.

Analisando toda a sua história de vida, desde a sua origem humilde à passagem pela “aristocracia” da vida como filho adotivo do chefe da Vila, Mandela guiou-se sempre pela singularidade de um facto – o reconhecimento que todos somos iguais em direitos e oportunidades. Preparado na sua infância e adolescência para ser líder, não aceitou em momento algum que outro guiasse a sua capacidade de decisão e jamais deixou que o isolamento ou a restrição de liberdade que os 27 anos de prisão lhe trouxeram, lhe roubassem o objetivo que julgava ser a sua meta de vida, o alcance da liberdade e democratização do seu pais, sem recurso à guerra ou a luta, mas pela via da negociação e união entre povos e raças.

Diria que nenhum dos seus atos foi impensado, todas as suas experiências de vida lhe trouxeram conhecimento e aprendizagem e jamais o seu bem pessoal se sobrepôs ao bem de uma nação reprimida durante anos. Se não pensemos na recusa da sua libertação por esta não incluir a liberdade dos outros presos políticos que tal como ele, haviam sido encarcerados por defender a liberdade de expressão, nem a inclusão da possibilidade de negociação pelo fim do apartheid. Disposto a negociar aquilo que julgava ser o bem maior de um povo: liberdade, igualdade, educação passaram-se longos meses até chegar a um acordo e voltar a ser totalmente livre.

Notoriamente era pautado por uma auto estima forte e um enorme orgulho na sua origem, pelo carisma de líder que movia multidões pela sua palavra, pois nada mais do que isso poderia dar.

As suas palavras continham a magia de anular a brutalidade na luta pela vida livre, ao mesmo tempo que incentivavam a insubmissão e não resignação do povo. A sua libertação trouxe a esperança de uma nova realidade e mais do que isso os seus atos coincidiram com a mensagem que as suas palavras transmitiam, demonstrando a sua enorme capacidade de ser e de perdoar.

Que fique a imagem deste homem na história da humanidade como um verdadeiro herói, pela forma como dispôs da sua vida pelo bem comum, pelos valores pautados pela igualdade, pela possibilidade de escolha, pela partilha, pela vida. Que fique a imagem do homem para quem o interesse pessoal se sobrepôs ao bem comum e ao sonho que guiava a sua existência. Que fique o olhar simples de alguém que soube perdoar pelo seu país.

Por Mara Pereira - iPressGlobal
mara.pereira@ipressglobal.com
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